EXEMPLO DE  INTERPRETAÇÃO METEOROLÓGICA  DAS CARTAS DE PREVISÃO  APLICADA A UMA SOLTA DE POMBOS CORREIO

 

VAMOS SUPOR  QUE ESTAMOS A ANALISAR AS CARTAS DE PREVISÃO PARA TRÊS DIAS DEPOIS (DIA DA SOLTA). SOLTA ESSA QUE SE IRÁ REALIZAR DE ALCOLEA PARA O DISTRITO DE FARO 

Nesta situação, não se poderia descorar o movimento normal da atmosfera (predominantemente de Oeste para Este à nossa Latitude), além de todos os outros factores científicos necessários. Mas a título de curiosidade para o exemplo apresentado, cruze a informação das cartas de Nebulosidade, Precipitação e Vento, prevendo as várias posições dos pombos no espaço e no tempo.

 

Vento:  Factor acelerador ou redutor da velocidade do voo

Vento com componente de cauda (vento de rabo), factor, neste caso, acelerador da velocidade do voo. À saída vento de Nordeste com 10 a 20 Km/h, mantendo-se praticamente favorável em toda a rota e aumentando mesmo de intensidade. Como o voo do pombo correio sem limitações é de cerca de 70 a 80 Km/h era de esperar (se não houvesse factores limitantes) uma prova voada entre 90 a 100 Km/h

 

Precipitação:  Factor  redutor da velocidade do voo

Observando a carta de previsão de precipitação acumulada entre as 00h e as 06h do dia 14 de Novembro de 2005 (1ª carta), a previsão indica precipitação fraca entre 0,1 a 0,5 mm por m o que pressupõe nebulosidade e, tendo em conta os montes envolventes ao local de solta, é previsível que a visibilidade seja moderada a fraca à saída.

Observemos agora a previsão da precipitação para o período compreendido entre as 06h e as 12h do dia 14 de Novembro de 2005 (2ª carta). Se se observar cuidadosamente pode-se concluir que não se prevê precipitação desde o local de solta até 50% do percurso sensivelmente. Pode-se também retirar da previsão que a visibilidade moderada a fraca passe a ser só moderada, pois as condições são de diminuição da precipitação ao longo da manhã e o vento mantém a intensidade de Nordeste.

 

Nebulosidade:  Factor  neutro na velocidade do voo, quando não implica redução da visibilidade (Estratos, Precipitação, etc..)

Observando a carta de previsão de nebulosidade para as 06h do dia 14 de Novembro de 2005 (1ª carta), a previsão indica céu geralmente muito nublado à saída, diminuindo de nebulosidade durante o percurso, voltando a aumentar na parte final da prova. Deve-se ter especial atenção à saída dos pombos porque poderá haver nuvens baixas do género Estratos (St), reduzindo a visibilidade.

 

Análise sumária

Numa situação deste tipo é determinante a observação do delegado de solta, bem como dos Radares Meteorológicos e a informação METAR dos aeródromos quer na área quer em rota para nos certificar-mos da visibilidade e do tempo significativo (precipitação, caso mais provável neste caso). Isto porque o factor vento aumenta a velocidade da prova e diminui o grau de dificuldade previsível pela precipitação à saída e à chegada. 

Teoricamente, isto porque na prática muitas vezes os pombos superam as dificuldades, e pressupondo que o grau de certeza do modelo de previsão era elevado, com base na experiência adquirida por muitos coordenadores, delegados de solta e com a experiência adquirida no apoio meteorológico prestado à columbofilia, pode-se afirmar que se as condições de solta não fossem redutoras era de esperar uma prova voada entre 80 e 90Km/h. Este cenário deve-se às condições favoráveis do vento em rota. No entanto se tivermos em conta a temperatura à hora da solta, para valores térmicos acima de 12ºC a 15ºC verificar-se-ia um aumento de 20 a 30Km/h e para valores abaixo de 05ºC e 02ºC os valores seriam essencialmente os mesmos (20 a 30Km) mas neste caso redutores da velocidade.

 

Texto e interpretação: CAP\TOMET Fernando Garrido