Como Ser Columbófilo...

O que devo fazer para me tornar columbófilo?
Onde me devo dirigir?
O que necessito para começar?
Que tipo de pombal devo ter? Onde o devo instalar?
Quantos pombos são necessários para me iniciar?

Estas são algumas questões que iremos abordar nesta secção, procurando dar, ainda que de forma sucinta, uma ideia geral de como alguém se deve iniciar na Columbofilia.

  1. A Inscrição numa Colectividade
  2. O Pombal
  3. As Características do Pombo Correio
  4. A Reprodução
  5. A Aprendizagem do Pombo-Correio
  6. Alguns Conselhos
  7. A Alimentação
  8. Perigos que os Pombos Encontram no Regresso a Casa
  9. Algumas Regras Fundamentais de Higiene
  10. Conclusão
1 - A Inscrição numa Colectividade
O primeiro passo a dar por quem se queira iniciar neste desporto é dirigir-se à colectividade mais próxima da sua residência e proceder á sua inscrição.Os valores de inscrição (quotas) reportam-se, em regra, ao período de um ano e o custo é variável.

Depois de inscrito na Colectividade, deve proceder à sua inscrição federativa. A quota federativa é paga também na colectividade, a qual se encarrega de enviar o processo à Federação. A quota federativa reporta-se, também, ao período de um ano.

Ao pagar a referida quota, fica imediatamente abrangido pelo seguro desportivo. O seguro cobre qualquer acidente que venha a ocorrer decorrente da actividade desportiva.

Só após estar devidamente inscrito poderá ter pombos-correio ou comprar anilhas oficiais, uma vez que, a lei de protecção ao pombo-correio assim o determina. Contudo, há que ter consciência que a columbofilia é, acima de tudo, um acto de amor. O pombo-correio passa a ser um companheiro, um amigo, que necessita de ser entendido, cuidado e acarinhado diariamente.

A columbofilia é a arte de criar pombos-correio, com fins desportivos. O seu fundamento baseia-se na capacidade, inata, que estas aves possuem em voltar ao seu pombal, quando postos em liberdade, a grandes distâncias do mesmo. De acordo com esta capacidade de orientação, com o treino a que se submete, e o seu amor ao ninho, ao cônjuge, ao seu pombal e ao seu próprio treinador, percorre estas distâncias em maior ou menor tempo.

Assim, antes de se proceder a qualquer investimento material, deverá ponderar, seriamente, se existe uma vontade forte em se iniciar na Columbofilia, se dispõe diariamente de uma fatia de tempo, para cuidar dos seus pombos e, acima de tudo, se o simples facto de ter pombos-correio constitui um factor de realização pessoal.

Supondo que está motivado, a fase seguinte é a construção do pombal.

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2 - O Pombal
Os pombais variam de uma região para outra. Podem ser totalmente abertos, semi-abertos ou fechados, construídos em madeira ou alvenaria. A sua instalação pode efectuar-se em terraços, jardins, sótãos, varandas... O volume pode variar, desde uma simples gaiola de 1 m³, a um grande pombal com várias divisões. É de especial importância que o pombal responda a estas três exigências:
  • estar bem limpo, exposto ao sol e seco
  • que as suas instalações resultem práticas e simples, livres de parasitas
  • que fique protegido de animais daninhos

Deve ser construído, atendendo:

  • ao número de pombos que irá abrigar
  • à sua situação
  • a evitar as correntes de ar

A orientação do pombal será tal, que se evite sempre a direcção em que os ventos possam fazer penetrar a chuva, no interior dos pombais. Convém procurar a orientação que proporcione uma temperatura agradável e permita aos pombos gozar os primeiros raios de sol. Uma boa orientação é , em geral, a de Sudoeste ou a de Sudeste.

O pombal deverá ter boa luz natural, mas não excessiva, pois as fêmeas procuram, com frequência, as partes escuras para construir os seus ninhos. As paredes devem ser lisas, bem como os tectos.

Capacidade e distribuição
A quantidade óptima de pombos deve rondar os 3 a 5 por m³. As dimensões do pombal dependem, principalmente , do número de aves a albergar, do tipo de concursos em que essas aves participarão, o tipo de técnica ou "jogo" que o futuro columbófilo irá optar. Um pombal onde se queira instalar 50/60 pombos deve estar dividido da seguinte forma:

  • reprodutores
  • fêmeas não acasaladas
  • machos não acasalados
  • borrachos

Janela de entrada e saída
A janela ideal de entrada, saída e reconhecimento deve ser de tal maneira que:

  • Tanto a entrada como a saída, estejam formadas por pequenas aberturas ligeiramente inclinadas, de 8 a 10 cm de largura, para que os pombos possam passar no sentido de cima para baixo.
  • Os pombos possam saltar livremente à mísula exterior, e daí iniciar o vôo.
  • Se possa fechar, consoante a vontade do columbófilo.
  • Na mesma janela de entrada e saída, exista uma zona de reconhecimento, onde os borrachos se familiarizem com o comportamento dos adultos e com as referências exteriores.

Pavimento
O pavimento do pombal pode ser construído em madeira, placa de cimento, rede metálica ... Utiliza-se, também, com grande frequência, grelhas metálicas ou de madeira colocadas, pelo menos, 30 cm acima do pavimento, a fim de evitar o contacto directo das patas dos pombos com os excrementos, o que tem importância profiláctica contra algumas afecções, nomeadamente, parasitoses intestinais.

Casulos
Podem fabricar-se em alvenaria ou em madeira, formando 3 ou 4 pisos. As dimensões, para cada casulo, rondam os 70 cm de comprimento, por 40 cm de fundo e 40 cm de altura. É habitual colocar os casulos na face contrária à entrada do pombal.

Os Ninhos
Os ninhos são normalmente caçarolas de barro cozido, de uns 20 a 22 cm de diâmetro, de bordos e fundos planos, revestidos de areia para impedir a ruptura dos ovos.

Comedouro
Os comedouros têm de ser simples e fáceis de limpar. Encontram-se no mercado á venda, comedouros constituídos de madeira e/ou de metal. Devem permitir um fácil acesso dos pombos, e estarem colocados de forma a que as aves não possam ingerir sementes caídas no solo ou após contacto com os excrementos.

Bebedouro
É essencial que a água esteja sempre limpa e que se mude diariamente. Os bebedouros poderão ser de plástico, barro ou metal. Devem ser colocados num suporte a cerca de 50 cm do solo, evitando assim, a entrada de poeiras e penas. A limpeza dos bebedouros e o tempo de permanência da água dentro deles, tem grande importância na propagação de infestações por tricomonas. O bebedouro ideal é o de circulação contínua; em substituição convém empregar o bebedouro de inversão (pescoço largo)

Reservatórios de Grite
Encontram-se, também, à venda, em formas e dimensões variáveis. Deve, no entanto, haver o cuidado de adquirir reservatórios que impeçam a entrada de humidade e a queda ao solo do Grite. O Grite é uma mistura de vários minerais com origem diversa (conchas, pedra calcária, etc). Alguns ingredientes do Grite são solúveis em água , outros não. Os solúveis, constituem uma fonte de minerais para o esqueleto e para a formação dos ovos. Os não-solúveis, incrementam a função mecânica do estômago.

Poleiros
Colocam-se paralelos à parede em número suficiente para que todos os pombos se possam instalar. Os poleiros devem ter as arestas arredondadas. A altura máxima deve ser a 1,80 m do chão. Os poleiros devem ser instalados de tal forma que não seja possível, aos pombos que estão nos poleiros mais altos, sujar os pombos situados em lugares inferiores. Nalguns casos, dispõem-se em forma de xadrez.

Aprovação dos pombais pela FPC e seu licenciamento pela Autarquia local
Segundo a legislação em vigor, a edificação de pombais de pombos-correio está sujeita a prévio licenciamento camarário. Assim, para evitar futuras situações desagradáveis, aconselhamos que, após a elaboração do projecto de construção (plantas), as mesmas sejam enviadas à Federação, acompanhadas da memória descritiva e mapa de implementação do pombal, para que, de acordo com o estipulado na lei de protecção ao pombo - correio, sejam sujeitas a aprovação e registo federativo. Após aprovação do pombal pela FPC, deverá, todo o processo, ser submetido aos serviços competentes, da respectiva Câmara Municipal, com a finalidade de obter um licenciamento da construção.

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3 - As Características do Pombo Correio
O actual pombo correio é o fruto dos cruzamentos de algumas raças belgas e inglesas, efectuadas na segunda metade do século XIX. Este tipo de pombo foi continuamente seleccionado a fim de apurar duas características principais: o sentido de orientação e um morfotipo atlético.
O pombo-correio caracteriza-se, entre outras, pelas seguintes propriedades:
  • endurance
  • vivacidade
  • rapidez de voo
  • penas abundantes e brilhantes
  • rabo sempre pregueado
  • pescoço, fortemente implantado, muito erguido
  • grande resistência à fadiga

Tem um peso médio compreendido entre 425 e 525 gramas para os machos e 480 gramas para as fêmeas. É capaz de percorrer num só dia distâncias de 700 a 1. 000 Km., a velocidades médias superiores a 90 kms por hora.

O Revestimento Corporal - As Penas
As penas nos pombos correio cumprem vários fins; formam uma capa termo-isoladora, organizam as superfícies impulsoras da asa e dão ao corpo a forma aerodinâmica característica.
Existem diferentes tipos de penas:

  • as de contorno
  • o "duvet"
  • as filopenas
  • o "duvet" empoado

São penas de contorno, as remiges (as penas maiores das asas), as rectrizes (pena da cauda) e as tectrizes (penas de cobertura).
O "duvet" é a penugem, a qual deve ser abundante e sedosa.
As filopenas transmitem informações sobre o movimento e as vibrações das penas de contorno aos receptores nervosos.
O "duvet" empoado contém um fino pó branco constituído basicamente por queratina. Este pó é o responsável pela resistência destas penas de água.

As penas são implantadas na pele, em campos, segundo, um padrão fixo. A cor das penas é variada, sendo as mais comuns: azul, vermelho, castanho claro, malhado, bronzeado, preto e branco.

As penas do pombo renovam-se cada ano, designando-se esta actividade fisiológica como Muda e deve ser perfeitamente conhecida pelo columbófilo, porque representa um momento crítico na vida desportiva do pombo-correio: qualquer falha ou doença, nesta fase, reduz visivelmente a capacidade de competir nas grandes provas.
As penas mais importantes são as das asas e da cauda.

A Muda
As penas das aves não são mais do que a evolução das escamas dos seus longíquos antepassados: os répteis. A plumagem é principalmente constituída por proteínas. Assim, torna-se aconselhável aumentar durante o período da muda, o teor em proteínas na alimentação. Isto consegue-se mediante a introdução de grãos leguminosos (ervilhas, feverol, ervilhaca).

Em Pombos Adultos
A muda começa pela queda das remiges primárias da asa. Tem lugar normalmente de Abril a Novembro.
A muda depende do estado de saúde, da natureza do pombo, do meio ambiente em que vive, do regime a que se submete e da sua idade.

As dez remiges da asa são renovadas todos os anos, começando pela mais pequena, situada na parte média da asa. As seis primeiras caem a intervalos de três semanas, no momento em que a seguinte chega a ter a metade da sua longitude. A partir da queda da sexta, a muda estende-se às penas pequenas do corpo, começando pelas plumilhas que se encontram no nascimento do bico.

As remiges secundárias têm um regime especial. Cada ano o pombo perde geralmente uma por asa. A nova pena sai um pouco mais larga, um pouco mais curta (1 ou 2 milímetros) e a sua extremidade é um pouco mais arredondada. As doze caudais renovam-se igualmente cada ano, caem aos pares de tal maneira que o plano inclinado que formam durante o voo mantem-se constantemente o mais perfeito possível.

Em Borrachos
A muda será total ou parcial dependendo da época do seu nascimento.
Os que abandonam os seus ninhos no mês de Março, efectuam uma muda total, a partir do mês seguinte. Pelo contrário os tardios, nascidos em Agosto ou em Setembro, efectuam uma muda parcial, uma vez que, o frio de Inverno corta o processo fisiológico normal. A muda torna a efectuar-se na primavera seguinte.

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4 - A Reprodução
Os acasalamentos representam uma das virtudes mais destacadas do nosso desporto. Segundo a forma de os realizar vai depender a qualidade da futura colónia.

Se não houver cuidado na selecção dos pombos a acasalar a colónia degenerará, tornando-se, cada vez mais, ineficiente em termos competitivos. Por tal motivo, devem deixar-se para a reprodução somente pombos com reconhecida categoria ou os provenientes de pombais com um pedigree comprovado. Independentemente do seu fim (melhorar a colónia), o conhecimento dos acasalamentos, reprodução e cria são importantes porque o desporto columbófilo baseia muito da sua estratégia na opção do tipo de jogo, nomeadamente metendo os pombos em celibato (machos e fêmeas separados) com ovos, com borrachos ou em viuvez.

A distinção de machos e fêmeas faz-se por caracteres externos, normalmente o macho é de maior tamanho, possui um arrolhar característico, que se quando persegue outros pombos, estendendo as penas do rabo pelo chão. O macho costuma ter a cabeça, o bico, assim como, as carúnculas de maior tamanho que a fêmea.

O Acasalamento
Normalmente, juntam-se os pombos quando o fotoperíodo natural vai aumentando, isto é, a partir de Janeiro até Junho. Embora dependendo da latitude e da época de muda, pode estender-se até aos meses de Agosto / Setembro.

A escolha dos casais é primordial na Columbofilia, nomeadamente, no apuramento de linhas mais aptas para os concursos de velocidade e outras adequadas a grandes distâncias. Seleccionar-se-ão para os acasalamentos machos e fêmeas que possuem constituição harmónica, uma força comprovada, um olho apropriado, uma rapidez no voo verificada nos diferentes concursos, etc., única forma de fixar nos seus descendentes as melhores características. Ainda assim, isso não quer dizer que se obtenham excelentes borrachos. É o columbófilo quem deve com a sua persistência ir eliminando as características defeituosas e introduzir as melhores à base de cruzamentos com pombos procedentes de outros pombais.

Quando um casal der bons borrachos, deverá conservar-se unicamente para a reprodução não o expondo aos riscos da competição. Desta forma, alternando diferentes machos e fêmeas e comprovando sempre os resultados dos seus produtos no "cesto", é como ao final de algumas gerações se consegue colónias de absoluta confiança.

Para fazer o acasalamento coloca-se o macho e a fêmea numa gaiola preparada para o efeito, onde efectuam a postura e a cria dos borrachos. Quando se quer acasalar um macho excepcional com várias fêmeas - o que é difícil, devido ao pombo ser monogâmico - existe um sistema chamado "a caixa do touro" através do qual se pode acasalar o referido "crack" com quatro fêmeas em simultâneo. Esta já é, no entanto, matéria para columbófilos experientes.

As Fases da Cria
As diferentes fases fisiológicas da cria resumem-se da seguinte maneira:

  • a postura efectua-se uns oito ou dez dias depois do acasalamento;
  • a fêmea põe os ovos: o primeiro pela tarde e o segundo dois dias depois, ao meio dia;
  • a incubação começa depois da postura do segundo ovo e dura 17 dias;
  • o macho incuba desde as dez até às dezasseis horas e a fêmea o resto do tempo;
  • entre duas posturas sucessivas decorrem uns trinta e cinco dias.

Quando as crias da primeira postura cumprirem os dez dias, deve colocar-se outro ninho para evitar:

  • que a fêmea ponha no mesmo ninho e que os ovos possam partir-se;
  • que a incubação seja irregular, por impossibilidade física de estar crias e pais juntos no mesmo ninho;
  • os borrahos separam-se dos pais aos 25 dias. A partir daqui já podem comer sós.

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5 - A Aprendizagem do Pombo Correio
A aprendizagem do pombo-correio começa a partir do seu nascimento , e tem como principais objectivos:
  • A adução ao pombal;
  • Proporcionar-lhe o vigor e a preparação necessária, para que, quando solto, regresse ao seu pombal com segurança e na maior rapidez;

A capacidade que o pombo-correio tem em regressar ao pombal manifesta-se tanto nos machos como nas fêmeas. Por meio de uma aprendizagem e um treino cuidadoso, estes animais podem percorrer grandes distâncias em vôo ininterrupto.

A Adaptação
O pombo-correio acostuma-se com maior ou menor rapidez, consoante a idade de adução ao pombal:

  1. Borrachos nascidos no pombal
    Em princípio, os borrachos só abandonam o seu ninho quando são capazes de se alimentarem por si sós. Para aduzir os borrachos é suficiente deixá-los completamente tranquilos. Quando têm força para voar fazem-no no seu pombal, aproveitando o sputnik para conhecerem as imediações. Quando finalmente empreendem o vôo, descrevem círculos sem se afastarem do pombal; pouco a pouco, vão-se unindo ao bando para voar e regressar com ele.
  2. Borrachos procedentes de outro pombal
    Os borrachos adaptam-se ao novo pombal num período de 10-15 dias, sempre que tenham menos de um mês. A princípio procuram afincadamente uma saída. Por isso, devem manter-se encerrados e serem objecto de todas as atenções no que se refere à higiene, bem estar e alimentação, até que se acostumem ao seu novo habitat. As primeiras saídas efectuar-se-ão pela tarde.
  3. Pombos adultos
    Os que não tenham voado em liberdade demoram a adaptar-se entre um mês e um mês e meio. Se já voaram, mas sem viajar, aconselha-se a acasalá-los antes de soltá-los (dois a três meses).

A Aprendizagem
A partir da adaptação, a educação do nosso atleta faz-se de forma gradual. Quando os borrachos têm uns 25 dias já podem alimentar-se por si sós. Então, é preciso separá-los dos seus pais e alojá-los num sector especial só para eles. Esta separação é conhecida como o "desmame". Efectua-se, colocando os borrachos num pombal acolhedor, com uma camada de palha no chão e onde a ração e água estejam colocados de forma acessível. No entanto, o columbófilo deverá seguir atentamente a evolução das aves, verificando se todos acedem ao bebedouro e ao comedouro. Os borrachos que não conseguiram beber, normalmente, têm tendência para se isolar num dos cantos do pombal, piscando ininterruptamente os olhos. Aí, deverão pegá-los e mergulhar-lhes a cabeça no bebedouro.

Quando houver um grupo de borrachos, dos quais os mais jovens tenham cumprido os três meses de idade e levem mais de um mês voando livremente pelo exterior do pombal, podemos começar com os vôos preliminares de reconhecimento dos arredores. O primeiro vôo deve fazer-se num dia claro e sereno, pouco antes da primeira distribuição da comida aos pombos, desde um ponto livre, situado, aproximadamente, a um quilómetro do pombal. Em vôos sucessivos vamos aumentando, gradualmente, esta distância até alcançar os 8 a 10 quilómetros. Terminados estes vôos, temos a certeza de que os borrachos conhecem perfeitamente os arredores. Quando for possível, os borrachos devem ser soltos, um a um, para que não regressem em bando, mas sim individualmente. Depois aumentamos, progressivamente, as distâncias a 40, 75, 100, 150 Kms. Estes vôos fazem-se com todos os borrachos ao mesmo tempo. Aqui podemos dar por terminada a aprendizagem durante o primeiro ano.

Algumas Associações promovem, hoje em dia, concursos de borrachos. No segundo ano, os "pombos de ano" podem voar até 500 quilómetros, ou mais, começando com treinos progressivos, para que, o pombo vá ganhando forma, antes de alcançar a distância desejada. Para os grandes concursos (de fundo), devem escolher, preferencialmente, pombos adultos de mais de 3 anos.

Precauções
A direcção e intensidade do vento, o nevoeiro, a neve e a chuva influem o regresso do pombo impedindo-o, algumas vezes, de cheguar ao seu destino. Por isso, é de muita importância, na época da aprendizagem e treino, não soltar os pombos quando houver vento forte em direcção contrária, ou quando as condições meteorológicas sejam francamente desfavoráveis, não obstante, em vôos curtos, os pombos com alguma experiência poderem viajar com tempo chuvoso e ventos moderados, com o objectivo de tornar as aves aptas para vôos em quaisquer circunstâncias meteorológicas.

A hora mais conveniente para soltar os pombos é um quarto de hora depois do sol nascer.

Programa de Vôos (Treinos)
Todos os pombos dum pombal devem, na medida do possível, realizar vôos diários.

Existem treinos livres e obrigatórios. Os primeiros consistem na libertação das aves sem quaisquer restrições. Os segundos, já implicam o cumprimento de vôo com uma duração pré-definida pelo próprio columbófilo.

Vários columbófilos usam uma bandeira para evitar que os pombos poisem, nomeadamente, no pátio ou nos telhados. É muito importante desencorajar os pombos do mau costume de pousar nos telhados, uma vez que, futuramente este vício terá repercussões negativas na pronta e rápida entrada pós-concurso, com a consequente perda de tempo.

Podemos, ainda, incrementar a velocidade de entrada recorrendo a estímulos sonoros, como apitos ou assobios especiais ou agitando os grãos de comida num recipiente metálico. Existem ainda columbófilos que usam um pombo como chamariz. Se os pombos estão bem educados, ao serem chamados, entram sem demorar no seu pombal, sem sujar à sua volta ou incomodar os vizinhos.

O vôo do meio-dia pode ser substituído por um treino individual a curta distância. Devemos efectuar, no mínimo um treino diário à volta do pombal, devendo ser seguido com a máxima atenção por parte do columbófilo, pois é um dos factores de maior importância para o conhecimento do pombo-correio. Aproveita-se a realização destes vôos para a limpeza do pombal, para mudar a água dos bebedouros, preparar a ração e tudo o que é necessário para a distribuição da comida.

Transporte de Pombos
Os pombos que vão ser soltos para treino ou para concurso, introduzem-se em cestos de viagem. Antes de introduzir os pombos nos cestos, deve efectuar-se um reconhecimento minucioso, a todos os pombos, comprovando o estado de forma, o estado das penas, assim como, o estado das mucosas.

Uma vez seleccionados os pombos, no pombal, levam-se ao clube columbófilo onde se encontra filiado e, dali, são expedidos em cestos para os locais de solta . O columbófilo deve velar para que se cumpram as condições mínimas de encestamento e de cuidado com os seus pombos. Algumas destas condições são:

  • Os locais de encestamento devem ser ventilados, unicamente com a presença do pessoal responsável do controle dos pombos, sendo terminantemente proibido FUMAR;
  • Os cestos de viagem devem estar limpos e livres de parasitas;
  • Os cestos devem ser manipulados com cuidado durante as operações de carga e descarga dos veículos para evitar golpes e quedas que prejudicariam os pombos, retirando-lhes capacidade de vôo.
  • No final da viagem, e até ao momento de soltar os pombos, os cestos têm de ser protegidos das inclemências do tempo, em lugar coberto, seco, moderadamente ventilado, para que, os pombos possam descansar, dando-lhes a água e comida necessária;
  • Os machos e as fêmeas são encestados separadamente.

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6 - Alguns Conselhos
Anilhamento dos Borrachos
O anilhamento dos borrachos com anilhas da Federação Portuguesa de Columbofilia, efectua-se quando estes fizerem 6 a 8 dias. Nesse momento, é fácil levar a cabo esta operação, sem que haja perigo de ferir os dedos da ave, nem a possibilidade da anilha cair. A anilha irá identificar o pombo durante toda a sua vida desportiva. A anilha oficial coloca-se, em regra, na pata esquerda do borracho.

O borracho mantém-se em posição normal, com a pata esquerda esticada e introduz-se, na anilha, os três dedos anteriores, cuidando que as inscrições da anilha não fiquem invertidas. Ao mesmo tempo, o dedo posterior mantém-se para trás apoiado por cima do tarso.

Forma de Apanhar os Pombos
A melhor forma de apanhar os pombos, é proceder à aproximação, fazendo os seus ruídos característicos, para que, permaneçam o mais tranquilos possível, apanhando-os devagar com ambas as mãos. Os pombos seguram-se com a mão esquerda, de modo a que fiquem as patas entre o dedo médio e o indicador e as asas sobre a cauda, presas pelo dedo polegar. Se o pombo se tentar defender, podemos imobilizá-lo, segurando-o, ligeiramente, contra o corpo do columbófilo, ou com a mão direita pela sua parte anterior.

Método de Preparação dos Pombos-Correio para Concursos
No conhecimento profundo dos pombos, basear-se-á, em boa medida, a arte de preparar os pombos-correio para que regressem o mais depressa possível ao seu pombal.

Alguns tipos de jogos:

  1. Método Natural:
    Consiste em viajar tanto os machos como as fêmeas, aproveitando os diferentes estados fisiológicos da cria, isto é, acasalamento, incubação e criação dos borrachos. O instinto de voltar ao ninho proporciona um rápido regresso.
  2. Método da Viúvez:
    É um dos métodos mais empregados. Consiste em acasalar o macho e a fêmea, deixá-los criar um borracho e quando a fêmea puser, pela segunda vez, retirar os ovos e separá-la do macho. Posteriormente, quando se encestar para efectuar uma viagem, deixa-se com a fêmea por uns minutos. Este processo cria, no macho, um mecanismo de recordação do ninho e da parceira, fazendo com que percorra as distâncias no menor tempo possível. À sua chegada, encontrará novamente a fêmea, com quem estará por um tempo variável, segundo as características do macho (de minutos a horas). Este sistema de vôo está em contínua evolução, e existem diversas variações: viuvez total, com fêmeas, etc.

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7 - A Alimentação
O pombo-correio é uma ave que se alimenta, principalmente, de grãos. A dieta, como a de qualquer atleta, deve ser perfeitamente equilibrada com proteínas, hidratos de carbono e gordura, para proporcionar todos os requisitos necessários, nos diferentes períodos fisiológicos e desportivos.

Estes períodos podem-se dividir em:

  • Concursos: de Janeiro a Julho
  • Reprodução: de Janeiro a Julho
  • Muda: de Junho a Novembro
  • Defeso: de Novembro a Janeiro

Os grãos dividem-se em três classes:

  • Cereais: trigo, cevada, aveia, milho, centeio, sorgo e milho alvo
  • Leguminosas: ervilhas, lentilhas, feverol, ervilhaca e favas pequenas
  • Oleaginosas: linhaça, colza, nabiça, girassol e cártamo

No que respeita ao tipo de ração a usar em cada um dos períodos, aconselha-se que se siga a sugestão dada pelas casas da especialidade, as quais dispõem de excelentes tipos de rações. Contudo, as necessidades mínimas dos pombos-correio são as seguintes:

Discriminação Proteína Bruta % Gordura Bruta % Energia Merabilizada
em KCal/Kg Alimento
Período de Criação 15 3 2950
Período de Concursos 13 3,5 3100
Período de Muda 12 3 2950
Período de Defeso 12 2,5 2800


Independentemente da ração, os pombos-correio devem ter sempre à disposição uma mistura de GRIT (pequenas pedrinhas que actuam à maneira de dentes, triturando o alimento a nível da moela). Regularmente, deve-se, também, administrar verduras (alface, couve, etc.).

A alimentação poderá fazer-se segundo vários critérios; para uns é aconselhável alimentar os pombos a uma hora certa, uma vez ao dia; para outros, será distribuir a comida, uma vez pela manhã e outra pela tarde. Em qualquer dos casos, 20 minutos depois de distribuir a comida, retiram-se os comedouros. As quantidades aconselhadas oscilam entre as 30 e as 40 gr/ pombo dia (uma colher de sopa rasa por pombo).

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8 - Perigos que os Pombos Encontram no Regresso a Casa
São muitos os perigos encontrados, mas, entre eles, destacam-se:
  • As condições meteorológicas e orográficas adversas
  • As aves de rapina, contra as quais não existe nenhum meio eficaz
  • Os caçadores que, por ignorância ou intencionalidade, confundem os pombos-correio com outros tipos de pombos não protegidos por lei.

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9 - Algumas Regras Fundamentais de Higiene
Nos pombos-correio, como em qualquer outro animal, a prevenção das doenças é sempre mais desejável que a cura das mesmas. Por esta razão, as normas de higiene devem ser levadas de forma metódica. Entre elas destacam-se:
  • Limpeza diária de comedouros e bebedouros;
  • Limpeza diária do pombal (excepto se utilizam grades no chão) ;
  • Alimentação à mesma hora e retirada do resto do alimento 20 minutos depois da sua distribuição;
  • Dar alimentos equilibrados e em boas condições;
  • Desinfectar o pombal contra parasitas externos, uma vez, de 15 em 15 dias;
  • Desinfectar os parasitas externos dos pombos, uma vez por mês,
  • Fazer tratamento preventivo de coccidiosis e trocomoniases de 3 em 3 meses,
  • Dar tratamento contra vermes redondos (lombrigas) uma vez de seis em seis meses;
  • Vacinar preventivamente contra a diftero-varíola e a doença Newcastle;
  • Assim que apareçam os primeiros sintomas de doença entrar em contacto com técnicos especializados.

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10 - Conclusão
Procurou-se dar uma visão, simples e genérica, a quem se queira iniciar na Columbofilia, de quais são os grandes passos a dar e quais os principais comportamentos a ter. Tudo o que se escreveu não deixa de ser um conjunto despretensioso de pequenos alertas, conselhos ou chamadas de atenção. As pistas aqui dadas, devem ser aprofundadas através de leituras técnicas e trocas de impressões com columbófilos experientes.

A Federação, especialmente através do Gabinete Jurídico e do Gabinete Veterinário, está aberta a prestar todos os esclarecimentos àqueles que pretenderem iniciar a prática desta modalidade.

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